QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE 40 PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME?
Palavras-chave:
anemia falciforme, dispneia, tosse, teste de caminhada 6 minutosResumo
INTRODUÇÃO: A anemia falciforme é uma doença hereditária de ampla expressão sistêmica e notório impacto na função pulmonar, especialmente pela recorrência de infecções respiratórias, episódios de síndrome torácica aguda e risco de hipertensão pulmonar. Apesar de sua relevância clínica, a caracterização do perfil clínico, com maior foco no sistema respiratório, ainda é subexplorada, mesmo em serviços especializados. Este estudo teve como objetivo descrever o perfil clínico (sistema respiratório) em 40 pacientes com anemia falciforme acompanhados em ambulatório de Pneumologia do Hospital Universitário Antônio Pedro. OBJETIVO: Descrever o perfil clínico (sistema respiratório) em 40 pacientes com anemia falciforme acompanhados em ambulatório de Pneumologia do Hospital Universitário Antônio Pedro. MÉTODO: Trata-se de estudo observacional, transversal e analítico com 40 pacientes portadores de anemia falciforme. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas (idade, sexo, peso, altura e IMC). Os pacientes foram examinados pelo mesmo médico, onde foram coletados dados sobre o exame físico: ausculta pulmonar, sinais vitais, presença de cianose distal, baqueteamento digital, turgência jugular, hiperfonese de B2 e edema de membros inferiores. A prevalência de dispneia, tosse e dor torácica foram documentados. A dispneia foi categorizada pela escala de dispneia mMRC. O número de internações e pneumonias nos últimos 12 meses foram avaliados. Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS v.20.0. Este projeto foi aprovado pelo CEP/UFF (CAAE: 74130523.5.00005243). RESULTADOS: Dos 40 pacientes avaliados, 28 (70%) eram do sexo feminino, com média de idade 39,18±12,64 anos, peso 54,75±18,35 kg, altura de 1,54±0,45m, IMC 19,84±6,84 kg/m²). Acerca da ausculta pulmonar, apenas dois pacientes apresentavam estertores crepitantes nas bases. A média e desvio-padrão para pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, frequência cardíaca, respiratória e oximetria de pulso eram de 115,75±12,32; 67,35±8,65; 81,95±11,24; 15,93±1,38 e 95,95±2,89, respectivamente. Dois (5%) pacientes apresentavam cianose, seis (15%) baqueteamento digital, seis (15%) turgência jugular, dez (25%) hiperfonese de B2 e 2 (5%) com edema de membros inferiores. A média de internação em 12 meses foi de 0,43±0,59, com incidência de 12 meses de pneumonia de 0,13 casos por ano. Dos 40 pacientes, a dispneia foi o sintoma respiratório mais prevalente, com 30 (75%) pacientes, sendo a classificação mMRC 0 e 1 as mais prevalentes (63%). Acerca do teste de caminhada de 6 minutos (TC6m), 38 realizaram, com média de 348,88±124,40 metros, com percentual do previsto 68,76±42,35%. A frequência cardíaca máxima foi de 109,78±32,93 bpm, com FC máxima de 167 bpm. A oximetria de pulso mínima durante o TC6m foi de 87,10±20,71, com saturação mínima de 77%. Não foram observados casos de tuberculose na amostra. Nenhum paciente relatou tabagismo ativo, seja de cigarro convencional ou eletrônico, porém 6 pacientes relataram ser ex-tabagistas, com carga tabágica de 1,90±9,61 maços/ano. Dois pacientes relataram que já haviam experimentado cigarro eletrônico, mas que não faziam uso. CONCLUSÃO: Nesta amostra, os pacientes apresentaram a dispneia como o sintoma mais prevalente, com ausculta respiratória em sua grande maioria normal. Alguns pacientes já apresentaram evidências clínicas de hipertensão pulmonar. Os valores do TC6m corroboram com os achados clínicos, com percentual expressivo de pacientes com valores inferiores aos daqueles previstos. É importante frisar a baixa prevalência do hábito do tabagismo, talvez pelo diagnóstico precoce e seus cuidados com o sistema respiratório. Não foi observado nenhum caso de tuberculose.


