CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, EPIDEMIOLÓGICAS E FUNCIONAIS DE PACIENTES PORTADORES DE SARCOIDOSE PULMONAR NO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS PULMONARES INTERSTICIAIS DO INSTITUTO DE DOENÇAS DO TÓRAX

Autores

  • Luana Lira de Faria Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Bianca Peixoto Pinheiro Lucena Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ
  • Julia Landeira Zylberberg Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ
  • Nina Rocha Godinho dos Reis Visconti Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ
  • Fernanda Carvalho de Queiroz Mello Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ
  • Aline Lopes Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ
  • Nadja Polisseni Graça Instituto de Doenças do Tórax/UFRJ

Palavras-chave:

Sarcoidose, Características clínicas, Epidemiologia, Função Pulmonar, Manifestações

Resumo

Introdução A sarcoidose é uma doença multissistêmica não contagiosa de causa desconhecida caracterizada pela presença de granulomas não-caseosos, com acometimento principalmente pulmonar. O diagnóstico é estabelecido quando os achados clínico-radiológicos são apoiados por evidência histológica, após exclusão de outras doenças granulomatosas. A apresentação clínica da sarcoidose caracteriza-se por um amplo espectro de manifestações, variando desde o estado assintomático até formas de doença progressiva e recorrente. As apresentações extrapulmonares mais comuns são: linfadenopatia hilar bilateral e lesões oftalmológicas e cutâneas. Além disso, também podem haver acometimentos hepáticos, esplênicos, cardíacos, do sistema nervoso, musculares, ósseos, das glândulas salivares e de outros órgãos. Objetivos Descrever características clínicas, epidemiológicas e funcionais dos pacientes diagnosticados com sarcoidose no ambulatório de Doenças Pulmonares Intersticiais do Instituto de Doenças do Tórax (IDT) entre janeiro de 2015 e janeiro de 2025.  Métodos Estudo transversal de revisão de prontuários. Os dados analisados incluem sexo, idade, tabagismo, uso de corticoide crônico, uso de poupadores de corticoide, manifestações extrapulmonares, Capacidade Vital Forçada (CVF) e Difusão do Monóxido de Carbono corrigido pela hemoglobina (DLCOc). Ainda, realizou-se correlação entre as variáveis.  Resultados  Foram analisados 50 pacientes, dos quais 64% eram do sexo feminino, com idade média de 49 anos, e 75% não apresentavam história de tabagismo. A mediana do tempo entre o início dos sintomas e a primeira consulta especializada foi de 32,5 meses, e 60% dos pacientes apresentaram pelo menos uma internação relacionada à sarcoidose. Aproximadamente 56% apresentavam manifestações extrapulmonares, sendo as mais frequentes as cutâneas (38,5%), seguidas das hepáticas (9,6%), oculares (7,7%), neurológicas (3,8%) e cardíacas (1,9%). Quanto ao tratamento, 42,3% dos pacientes utilizaram corticoide 20 mg por mais de seis meses e 52% fizeram uso de imunossupressores como poupadores de corticoide, sendo o metotrexato a droga mais utilizada (48,1%), seguido de azatioprina (9,6%) e infliximabe (1,9%).  Na análise de correlação, observou-se que entre os pacientes com manifestações extrapulmonares, 55% utilizaram corticoide 20 mg por mais de seis meses em comparação a 30% daqueles sem manifestações extrapulmonares (p=0,14). Da mesma forma, 51,6% dos pacientes com manifestações extrapulmonares utilizaram metotrexato, contra 39% entre os sem apresentações extrapulmonares (p=0,18). A mediana da CVF foi de 74% no grupo que utilizou corticoide 20 mg por mais de seis meses, em comparação a 87% entre aqueles que não fizeram uso prolongado da medicação. Entre os pacientes que necessitaram de internação, o uso de corticoide 20 mg por mais de seis meses foi prevalente (77%) em relação aos não internados (52%; p=0,08), indicando uma tendência estatística. Além disso, a mediana da CVF foi significativamente menor entre os internados (74%) em comparação aos não internados (90%; p=0,021).  Conclusão Neste estudo, a sarcoidose apresentou predomínio em mulheres jovens, assim como na literatura internacional. Ainda, houve preponderância de manifestações extrapulmonares, especialmente das cutâneas. Pacientes internados apresentaram CVF significativamente mais baixa, assim como uso de corticoide por tempo prolongado, o que reforça a utilidade da CVF como marcador de gravidade na sarcoidose. Mais estudos são necessários para avaliar o papel do uso crônico de corticoide nas complicações relacionadas à internação hospitalar e do melhor momento para início de poupadores de corticoide.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Lira de Faria, L., Peixoto Pinheiro Lucena, B., Landeira Zylberberg, J., Rocha Godinho dos Reis Visconti, N., Carvalho de Queiroz Mello, F., Lopes, A., & Polisseni Graça, N. (2025). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, EPIDEMIOLÓGICAS E FUNCIONAIS DE PACIENTES PORTADORES DE SARCOIDOSE PULMONAR NO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS PULMONARES INTERSTICIAIS DO INSTITUTO DE DOENÇAS DO TÓRAX. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Recuperado de https://www.revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/168

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025