ANÁLISE COMPARATIVA DO NÚMERO DE CASOS DE TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Palavras-chave:
Tuberculose, COVID-19, NotificaçãoResumo
Introdução A tuberculose (TB) permanece como um dos principais desafios de saúde pública no Brasil, pois a incidência apresenta variações ao longo dos anos. Entretanto, diante do isolamento social gerado pela pandemia COVID-19, o acesso aos serviços de saúde modificou o controle da TB, especialmente na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Objetivos Descrever o impacto da pandemia COVID-19 na notificação, diagnóstico e tratamento da TB no município do RJ entre 2018 e 2023. Métodos Pesquisa descritiva, realizada em 25 de maio de 2025, através do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) e do TABNET/DATASUS. Variáveis utilizadas: sexo, coinfecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), apresentação clínica, adesão ao Tratamento Diretamente Observado (TDO), resistência bacteriana e encerramento dos casos. Os dados abrangeram três períodos: pré-pandemia (2018–2019), pandemia (2020–2021) e pós-pandemia (2022–2023). Resultados No período de 2018-2019, o município do RJ registrou 16.089 casos de TB. No mesmo período, o estado do RJ notificou 29.973 casos. Do total de notificações do município do RJ, 70,6% foram do sexo masculino (11.356 casos), enquanto 29,4% foram do sexo feminino (4.733 casos). A coinfecção HIV esteve presente em 1.655 pacientes. Em relação ao TDO, 9.566 pessoas iniciaram o acompanhamento, embora 2.986 tenham interrompido. A resistência bacteriana foi observada em 80 pacientes apenas para rifampicina (RMP) e 175 apenas para isoniazida (INH). Entretanto,136 casos apresentaram resistência tanto para INH quanto para RMP. No período de 2020-2021, foram notificados 16.232 casos de TB na capital fluminense. Destes, 11.596 (71,4%) casos eram do sexo masculino e 4.629 (28,6%) do sexo feminino. A coinfecção HIV foi identificada em 1.548 pacientes. Houve 7.622 casos TDO, porém 2.843 abandonaram o tratamento. Os testes de resistência revelaram: 90 pacientes com resistência a RMP; 151 para a INH e 76 casos com resistência para ambos. Entre 2022-2023, o número de casos foi quase 10% maior em relação a 2020-2021, atingindo 17.851 registros. A distribuição por sexo apontou 69,5% (12.413 casos) entre homens e 30,5% (5.430) entre mulheres. Dentre estes pacientes, 1.845 tinham HIV. O TDO foi realizado em 10.841 pacientes, com 2.972 casos de abandono. A resistência simultânea à RMP e à INH foi verificada em 89 indivíduos; porém, 129 pacientes tiveram resistência apenas a RMP e 205 para INH. Conclusão Os dados confirmam que a pandemia COVID-19 exerceu influência direta sobre o controle da TB no município do RJ. Fatores como limitações no acesso aos serviços de saúde e taxas de abandono do tratamento contribuíram diretamente para redução de casos durante a pandemia, pois houve aumento nos registros pós-pandêmico com a retomada gradativa das ações de vigilância em saúde. Tais achados reforçam a necessidade de adaptação das políticas públicas em períodos de instabilidade sanitária.


