ALÉM DA INDICAÇÃO

RESPOSTA SISTÊMICA AO DUPILUMABE EM PACIENTE COM ASMA GRAVE E DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA EXACERBADORA

Autores

  • Daniella Teotônio de Araújo Cartaxo Queiroga Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Thiago Prudente Bartholo Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Nadja Polisseni Graça Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Bruno Rangel Antunes da Silva Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Paulo Roberto Chauvet Coelho Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Rafaela Vieira Ferreira da Silva Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Julio Ribeiro Borges Universidade Estadual do Rio de Janeiro
  • Carolina da Silva Simoes Pereira Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Asma grave, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Dupilumabe, Síndrome de sobreposição asma-DPOC, Fenótipo T2

Resumo

Introdução A coexistência de asma grave tipo 2 com DPOC (síndrome de sobreposição) está associada a pior prognóstico, exacerbações frequentes e alta mortalidade. Pacientes com inflamação T2 podem se beneficiar de imunobiológicos como o dupilumabe, antagonista de IL-4/IL-13, aprovado para asma grave eosinofílica. Relatos de efeitos extrapulmonares são limitados. Relato do caso Mulher, 55 anos, ex-tabagista (60 anos-maço), antecedente de tuberculose pulmonar (2017), rinite alérgica e DRGE, acompanhada inicialmente como DPOC grave corticodependente. Espirometria: DVO acentuado (VEF1 pré 20%, pós 31,6%), prova broncodilatadora fortemente positiva, eosinófilos 610/mm³, FeNO 32 ppb. Apresentava exacerbações mensais, internações frequentes (inclusive com VNI), hipoxemia aos esforços (SaO₂ 79% no TC6’) e sinais sistêmicos (nariz em sela, livedo, baqueteamento digital, vasculopatia inespecífica). Investigação afastou doenças autoimunes e deficiência de alfa-1-antitripsina.  Apesar de terapia otimizada (LABA, LAMA, corticosteroide inalatório e oral 20 mg/dia), manteve-se sintomática (mMRC 4). Em julho/2024 iniciou dupilumabe 600 mg SC, após liberação judicial. Após três doses, não apresentou novas internações, embora mantivesse dispneia aos esforços. Com sete doses, relatou melhora funcional, redução de crises e início de desmame do corticoide oral (10 mg manhã/ 5mg noite), além de encaminhamento para reabilitação pulmonar e avaliação para transplante. Exames subsequentes evidenciaram osteoporose (T-score –2,7 lombar), iniciando alendronato. Até novembro/2024, manteve estabilidade clínica e ausência de exacerbações graves. Discussão O caso demonstra possível benefício sistêmico do dupilumabe em paciente com sobreposição asma-DPOC fenótipo T2 refratária, com redução de exacerbações e viabilização de desmame de corticosteroide oral. A modulação de IL-4/IL-13 pode ter impacto além do controle da asma, reduzindo inflamação sistêmica e complicações do uso crônico de corticoide, como osteoporose. Evidências recentes dos ensaios BOREAS e NOTUS sugerem benefício do dupilumabe também em DPOC eosinofílica, reforçando seu potencial em contextos de sobreposição. A descrição deste caso reforça a importância da fenotipagem e do tratamento individualizado em doenças obstrutivas graves.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Teotônio de Araújo Cartaxo Queiroga, D., Prudente Bartholo, T., Polisseni Graça, N., Rangel Antunes da Silva, B., Roberto Chauvet Coelho, P., Vieira Ferreira da Silva, R., … da Silva Simoes Pereira, C. (2025). ALÉM DA INDICAÇÃO: RESPOSTA SISTÊMICA AO DUPILUMABE EM PACIENTE COM ASMA GRAVE E DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA EXACERBADORA. Revista Pulmão, 33(3), 1. Recuperado de https://www.revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/31

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025