IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NAS INTERNAÇÕES POR EXACERBAÇÕES DE DPOC NO RIO DE JANEIRO (2020–2024)
ANÁLISE DA TENDÊNCIA TEMPORAL
Palavras-chave:
DPOC, Pandemia de Covid-19, Internações hospitalares, Rio de JaneiroResumo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória crônica de alta prevalência, responsável por significativa morbimortalidade global e nacional. No Brasil, figura entre as principais causas de internações no Sistema Único de Saúde. As exacerbações, definidas pelo agravamento dos sintomas respiratórios, estão frequentemente relacionadas a infecções virais e bacterianas, além de fatores ambientais, como a poluição atmosférica, resultando em elevado impacto clínico e econômico. Durante a pandemia de COVID-19, pacientes com DPOC mostraram-se particularmente vulneráveis devido à reserva pulmonar reduzida, apresentando maior risco de complicações, necessidade de internações hospitalares e evolução desfavorável. O objetivo deste estudo foi avaliar a tendência de internações por exacerbações de DPOC no estado do Rio de Janeiro entre 2020 e 2024, com ênfase no impacto da pandemia de COVID-19. Trata-se de estudo epidemiológico ecológico, descritivo e quantitativo, desenvolvido a partir de dados secundários do SIH-SUS/DATASUS referentes ao período de janeiro/2019 a dezembro/2024, filtrados por CID-10 J40–J44, com local de internação restrito ao estado do Rio de Janeiro. Foram identificadas 2.267 internações em 2019 (pré-pandemia), seguidas de queda de 36% em 2020 (1.437 casos). Em 2021, observou-se recuperação parcial (1.721 internações), enquanto em 2022 ocorreu aumento expressivo (3.006 casos), com manutenção de valores elevados em 2023 (3.040) e 2024 (2.959), acima do período pré-pandemia.Conclui-se que a pandemia de COVID-19 reduziu drasticamente as internações por exacerbações de DPOC em 2020, possivelmente em decorrência de mudanças na dinâmica hospitalar, como restrição de acesso aos serviços, medo da população em buscar atendimento e priorização de leitos para COVID-19, e não por melhora clínica. A partir de 2022, verificou-se um efeito rebote, com aumento progressivo das internações e ultrapassagem dos níveis pré- pandemia, o que pode indicar demanda reprimida e agravamento clínico dos pacientes com DPOC no período pós-pandemia.


