O QUE OS NÚMEROS REVELAM SOBRE O TABAGISMO

ESTUDO BASEADO NOS DADOS DA POLICLÍNICA UNIVERSITÁRIA PIQUET CARNEIRO

Authors

  • Reynaldo Guedes de Oliveira Fontes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Isabela Batista da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Joaquim Queiroz Galvão Pádua Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Rachel Cristiny de Souza França Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Leonardo Henrique Portes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Tatyana Vitória da Silva Marques Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Cristiane Almeida Pires Tourinho Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Keywords:

Tabagismo, Cessação do Tabagismo, Perfil Epidemiológico

Abstract

Introdução: No Brasil, o tabagismo é uma das principais causas evitáveis de morbimortalidade, responsável por cerca de 477 óbitos diários, o que reforça a urgência de ampliar o cuidado integral e o acesso às intervenções de cessação na rede pública, conforme diretrizes nacionais e orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em contextos ambulatoriais, conhecer o perfil dos pacientes que buscam parar de fumar é essencial para direcionar estratégias clínicas mais efetivas. Diante desse cenário, o Dia Nacional de Combate ao Fumo reforça ações integradas de prevenção, promoção da saúde, desestímulo ao consumo e incentivo à cessação, ressaltando a importância de ampliar a assistência especializada na rede pública. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico, sociodemográfico e clínico dos pacientes atendidos pelo Ambulatório de Cessação de Tabagismo da Policlínica Universitária Piquet Carneiro em 2024, analisando adesão às sessões, uso de farmacoterapia e taxa de cessação. Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e quantitativo, com análise de dados secundários provenientes da planilha institucional do ambulatório, estruturada de acordo com o modelo do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Ao todo, foram identificados 162 pacientes na primeira consulta clínica. Desses, 154 apresentaram dados completos, o que permitiu sua inclusão na análise. Para cada paciente, avaliaram-se variáveis sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor), clínicas (comorbidades autorreferidas, fatores de risco), comportamentais (atividade física, tentativas prévias de cessação) e assistenciais (adesão às sessões, uso de adesivos, gomas e bupropiona). Os dados foram então organizados eletronicamente e analisados por estatística descritiva, considerando frequências absolutas e relativas. Além disso, o registro das variáveis seguiu diretrizes nacionais e recomendações da OMS para monitoramento dos serviços de cessação. Resultados: Entre os 154 pacientes avaliados, predominou o sexo feminino, com 112 mulheres (72,7%) e 42 homens (27,3%). A maioria tinha 50 anos ou mais (81,1%), sendo que 57,1% tinham 60 anos ou mais. Em relação à raça/cor, 51,9% se autodeclararam brancos, 21,4% pardos e 18,2% pretos; 8,4% não informaram, e não houve registros de indígenas ou amarelos. No perfil clínico, 97,5% apresentaram pelo menos uma comorbidade ou fator de risco, destacando-se doença pulmonar obstrutiva crônica (12,3%), hipertensão arterial (4,5%), diabetes mellitus (4,5%), doença cardiovascular (3,9%) e transtornos mentais (3,9%), enquanto obesidade (1,9%), tuberculose (1,3%) e câncer (1,3%) foram menos frequentes. Quanto aos hábitos de vida, apenas 11,7% relataram prática regular de atividade física, e 35,7% já haviam tentado parar de fumar anteriormente, indicando vulnerabilidade à recaída. Quanto à adesão, 132 pacientes (85,7%) iniciaram o protocolo terapêutico, mas o comparecimento caiu ao longo do tratamento: 81 retornaram para a segunda sessão, 48 para a terceira e apenas 37 (24%) completaram as etapas finais. Essa redução se refletiu na taxa de cessação autodeclarada, de 14,9% (n=23), dos quais 78,3% utilizaram farmacoterapia, principalmente adesivos de nicotina e bupropiona. Considerando a amostra total, 45,5% recorreram a tratamento medicamentoso, proporção que pode ser ampliada conforme as demandas clínicas observadas. Conclusão: De modo geral, os pacientes atendidos foram, em sua maioria, mulheres idosas com múltiplas comorbidades e baixa adesão a hábitos saudáveis. Nesse contexto, os achados reforçam a necessidade de estratégias integradas e individualizadas, que aliem suporte medicamentoso a intervenções comportamentais e ações para ampliar o acesso, fortalecer o vínculo e aumentar o engajamento terapêutico nos programas de cessação, de acordo com as diretrizes de cuidado integral explicitadas na Nota Técnica do Dia Nacional de Combate ao Fumo 2025.

Published

2025-11-12

How to Cite

Guedes de Oliveira Fontes, R., Batista da Silva, I., Queiroz Galvão Pádua, J., de Souza França, R. C., Henrique Portes, L., da Silva Marques, T. V., & Almeida Pires Tourinho, C. (2025). O QUE OS NÚMEROS REVELAM SOBRE O TABAGISMO: ESTUDO BASEADO NOS DADOS DA POLICLÍNICA UNIVERSITÁRIA PIQUET CARNEIRO. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Retrieved from https://www.revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/228

Issue

Section

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025