DOENÇA PULMONAR POR MICOBACTÉRIAS NÃO TUBERCULOSAS

AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOLÓGICA EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA

Authors

  • Caroliny Samary Silva Lobato UFRJ
  • Michelle Cailleaux Cezar Ferreira IDT/UFRJ
  • Domenico Capone IDT/UFRJ
  • Fernanda Carvalho de Queiroz Mello IDT/UFRJ

Keywords:

doença pulmonar por MNT, sintomas da doença pulmonar por MNT, alterações tomográficas de tórax, tratamento doença pulmonar por MNT

Abstract

As micobactérias não-tuberculosas (MNT) são microrganismos ubíquos, encontrados na natureza, e sua incidência como causa de doença pulmonar (DPMNT) tem crescido globalmente, incluindo o Brasil. A DPMNT geralmente afeta indivíduos com comprometimento imunológico ou doenças pulmonares pré-existentes, como a tuberculose (TB). Seu diagnóstico é estabelecido pela combinação de sintomas clínicos, achados radiológicos e a identificação de MNT em culturas de amostras respiratórias. A implementação de análises moleculares aprimoradas e o aumento do uso de tomografia computadorizada de tórax (TCt) têm otimizado a detecção da DPMNT. No entanto, há uma carência de dados abrangentes sobre a epidemiologia e o manejo dessa doença no Brasil. Com o objetivo de preencher essa lacuna, este estudo propôs uma avaliação do acompanhamento clínico e radiológico, por meio de TCt, de pacientes com DPMNT atendidos em um centro de referência de TB no Rio de Janeiro (RJ). Avaliamos 30 pacientes não portadores de HIV, tratados em um ambulatório de um hospital universitário entre 2016 e 2021. Foram analisados dados epidemiológicos, clínicos, microbiológicos e as alterações tomográficas. A evolução dos sintomas e das alterações radiológicas foi monitorada no momento do diagnóstico (T1), durante (T2) e após o tratamento (T3). A população estudada foi predominantemente masculina (56,7%), com idade mediana de 61 anos (intervalo interquartil 54-74 anos). A espécie de MNT mais isolada foi o M. kansasii (MK), correspondendo a 50% dos casos, seguida pelo complexo M. avium-intracellulare (MAC- 36,7%), e micobactérias de crescimento rápido (10%). As comorbidades mais prevalentes foram tabagismo (66,7%), doenças cardiovasculares (46,6%) e TB prévia (40%). Os sintomas mais comuns em T1 foram tosse (90%), perda ponderal (60%), expectoração (43,3%), dispneia (36,7%) e hemoptise (26,7%). Observou-se uma redução estatisticamente significante (p<0,05) da frequência e intensidade desses sintomas após o início do tratamento. As alterações tomográficas mais frequentes em T1 incluíram alterações brônquicas (86,7%), distorção arquitetural (83,3%), nódulos do espaço aéreo (NEA) (66,7%), incluindo padrão de “árvore em brotamento” (60%); opacidades (56,7%), nódulos de 1 a 3 cm (56,7%) e cavidades (56,7%). O tratamento resultou na redução do espessamento das paredes brônquicas, dos NEA e do padrão de “árvore em brotamento” em todos os pacientes. No entanto, a distorção arquitetural e as bronquiectasias persistiram como sequelas em T3. A presença de cavidades também persistiu, embora com redução no número e na espessura de suas paredes. Houve diferenças estatisticamente significantes na comparação entre os grupos e os momentos avaliados para NEA e padrão em “árvore em brotamento, além do espessamento de paredes brônquicas, lesões residuais e espessamento pleural. Nossos dados confirmam que o M. kansasii é a espécie mais prevalente no Rio de Janeiro, corroborando com levantamentos anteriores. A diminuição dos sintomas após o início da terapia é um indicador relevante de resposta terapêutica. A avaliação conjunta de sintomas e dos achados da TCT é crucial para o diagnóstico e o acompanhamento da DPMNT, auxiliando no monitoramento da resposta ao tratamento e na identificação de complicações pulmonares. Nossos achados estão em consonância com as diretrizes clínicas atuais, reforçando a importância do acompanhamento clínico e radiológico no manejo mais eficaz da DPMNT.

Published

2025-11-12

How to Cite

Samary Silva Lobato, C., Cailleaux Cezar Ferreira, M., Capone, D., & Carvalho de Queiroz Mello, F. (2025). DOENÇA PULMONAR POR MICOBACTÉRIAS NÃO TUBERCULOSAS: AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOLÓGICA EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Retrieved from https://www.revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/251

Issue

Section

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025