PREVALÊNCIA DE CASOS DE TUBERCULOSE PULMONAR POR REINGRESSO APÓS ABANDONO DO TRATAMENTO NO BRASIL ENTRE 2015 E 2024
UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Palavras-chave:
Tubrculose, Prevalência, TratamentoResumo
Introdução: A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que acomete principalmente os pulmões. Apesar de possuir cura, o tratamento, frequentemente prolongado, enfrenta obstáculos relacionados à adesão dos pacientes, o que contribui para o abandono terapêutico. Essa realidade preocupa especialmente os sistemas de saúde, já que o retorno de indivíduos que interromperam o tratamento está ligado a piores prognósticos clínicos e ao aumento da resistência bacteriana aos medicamentos. Objetivos: Identificar e analisar a prevalência casos confirmados de tuberculose pulmonar por reingresso após abandono do tratamento, no Brasil entre 2015 e 2024. Métodos: Estudo transversal retrospectivo de abordagem quantitativa, realizado a partir de dados secundários obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponíveis no DATASUS. Foram incluídos todos os casos registrados de tuberculose pulmonar assim como todos os casos por reingresso após abandono, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2024, estratificados por região. Resultados: Nos últimos 10 anos, foram registrados mais de 900.000 casos de tuberculose pulmonar no Brasil. Destes, 88.829 eram decorrentes de reingresso após abandono do tratamento, representando quase 10% dos casos. No entanto, essa prevalência variou de 7,66% em 2015 a 13,64% em 2024, correspondendo a um aumento relativo de aproximadamente 78,08% no período. Em 2015, o valor nacional da prevalência foi de 7,66 casos por 100 mil habitantes, mantendo-se relativamente estável até 2018 (7,42). A partir de 2019 (8,09), observou-se aumento contínuo, atingindo o pico em 2024 (9,56). Analisando-se regionalmente, em 2015, a Região Sul apresentou maior prevalência (9,58) e a Região Norte a menor (6,02). Em 2016, a Região Sul apresentou leve queda no índice (8,93), mas continuou sendo a região com maior prevalência; e a região Centro-Oeste se destacou com o menor índice (6,26). A partir de 2017 até 2024, a Região Sul continuou a liderar com a maior prevalência (8,99 e 16,93, respectivamente), apresentando um aumento de 88,32% em 8 anos, e um crescimento de 76,91% se comparado ao ano de 2015. Neste mesmo período, a Região Norte obteve a menor prevalência (5,58 e 12,97, respectivamente) e apresentou um crescimento de 132,44% no índice durante esses 8 anos, e um aumento de 115,45% se comparado ao ano de 2015. Os estados que se destacaram por apresentarem a maior prevalência foram o Rio Grande do Sul (de 2015 a 2018, e 2020) e o Espírito Santo (de 2021 a 2024), além de Alagoas (em 2019). Conclusão: A tuberculose no Brasil representa um grande desafio de saúde pública, e para erradicá-la é necessário, além do diagnóstico de novos casos, a adesão do paciente ao tratamento até o final do mesmo. Assim, verificou-se que os casos por reingresso após abandono vêm crescendo, tanto em número quanto em prevalência em relação ao número total de casos. Esse dado pode refletir um aumento no abandono do tratamento, mas também pode ser fruto de um maior reingresso no tratamento, possivelmente devido à busca ativa dos pacientes.


