CORRELAÇÃO DE NÍVEIS SÉRICOS DE TSLP E EOSINÓFILO
Abstract
Introdução: A linfopoietina estromal tímica (TSLP) é uma citocina derivada de células epiteliais que desempenha um papel central na iniciação e amplificação da resposta inflamatória do tipo 2, característica de doenças alérgicas como a asma. Produzida principalmente pelas células epiteliais das vias aéreas em resposta a estímulos como alérgenos, vírus e poluentes ambientais, a TSLP atua sobre células dendríticas, promovendo a polarização de linfócitos T para o perfil Th2 e estimulando a produção de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13. Esse eixo inflamatório contribui para a ativação e recrutamento de eosinófilos, células efetoras associadas a lesão tecidual, remodelamento das vias aéreas e gravidade clínica da asma. Evidências crescentes indicam que níveis séricos elevados de TSLP podem refletir a intensidade da inflamação das vias aéreas e a atividade da doença, tornando-a um biomarcador promissor para estratificação de pacientes e potencial alvo terapêutico. Metodologia: O presente estudo teve como objetivo comparar os níveis séricos de TSLP em três grupos de pacientes estratificados de acordo com a contagem de eosinófilos no sangue periférico: Grupo A, com ≤150 células/µL; Grupo B, com 151–299 células/µL; e Grupo C, com ≥300 células/µL. Trata-se de um estudo observacional transversal que incluiu 20 indivíduos, com dosagem de TSLP realizada por método laboratorial padronizado. Devido à distribuição não paramétrica dos dados, as comparações entre os grupos foram realizadas utilizando-se o teste de Mann–Whitney, considerando significância estatística quando p<0,05. Resultados: As medianas dos níveis séricos de TSLP foram de 20,74 pg/mL no Grupo A, 81,94 pg/mL no Grupo B e 44,26 pg/mL no Grupo C. A análise estatística revelou que os grupos com eosinofilia acima de 150 células/µL apresentaram níveis significativamente mais elevados de TSLP em comparação com o Grupo A: p=0,0087 para A vs B e p=0,0190 para A vs C. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre o Grupo B e o Grupo C (p=0,4791), sugerindo que, a partir de determinado patamar de eosinofilia, os níveis de TSLP tendem a se estabilizar. Conclusão: Esses achados reforçam a hipótese de que a TSLP está intimamente ligada à inflamação eosinofílica das vias aéreas, possivelmente desempenhando papel tanto na sua indução quanto na sua manutenção. A ausência de diferença significativa entre os grupos B e C pode indicar que a elevação de TSLP ocorre precocemente com o aumento da eosinofilia, mas não necessariamente progride proporcionalmente a níveis muito elevados de eosinófilos, o que pode ter implicações para a compreensão da fisiopatologia e para a estratificação terapêutica. Em conjunto, os resultados sugerem que a TSLP pode servir como marcador auxiliar na identificação de pacientes com inflamação do tipo 2 mais ativa, sendo relevante considerar seu uso no contexto clínico e em estudos futuros que avaliem terapias-alvo contra essa citocina.


