RELATO DE CASO

TUBERCULOSE ÓSSEA EM COLUNA (MAL DE POTT) ASSOCIADA À ABSCESSO BACTERIANO

Autores

  • Izabela Gonçalves Mazzotti Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • João Vitor Magalhães Miranda Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Laura Seixas de Castro Cerqueira Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Ana Júlia Silveira de Moraes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Moizeis Sobreira de Souza Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Ariadna Ribeiro Zambelli Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Bruno Rangel Antunes da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Thiago Thomaz Mafort Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Mal de Pott, Abcesso bacteriano, Mycobacterium tuberculosis

Resumo

Introdução: O Mal de Pott (MP), tuberculose óssea que acomete a coluna vertebral, ocorre através da reativação de focos do Mycobacterium tuberculosis. Inicia-se em um corpo vertebral e, em muitos casos, dissemina-se para as vértebras adjacentes, podendo levar à compressão da coluna espinal e consequente comprometimento neurológico. O sintoma mais comum nos pacientes acometidos é a dor crônica, que varia em intensidade e apresenta-se associada à deambulação comprometida e à posição antálgica. A formação de abscessos e a destruição óssea também são potenciais manifestações nesses indivíduos. Com um quadro clínico inespecífico, o diagnóstico é dificultado, sendo a Ressonância Magnética e a biópsia guiada por imagem boas opções diagnósticas. O tratamento envolve antibioticoterapia específica (esquema RIPE), fisioterapia e, em casos específicos, intervenções cirúrgicas. Relato do caso: A.S.S.F, 76 anos, sexo masculino, ex-tabagista, previamente hígido. Paciente chega à unidade de atenção terciária com suspeita diagnóstica de espondilodiscite por Mycobacterium tuberculosis (Mal de Pott), cursando com abscesso bilateral de ileopsoas. Relatava quadro de febre vespertina, perda ponderal e dor em membros inferiores desde novembro de 2024, sem sintomas respiratórios associados. Havia sido internado anteriormente em outra unidade com drenagem do abscesso e antibioticoterapia. Retornou 20 dias após a alta com os mesmos sintomas e foi reinternado para reavaliação. Tomografia de abdome evidenciou extensa coleção retroperitoneal com epicentro em músculos psoas bilateralmente, além de lesão lítica em L3-L4, compatível com espondilodiscite. A cultura do material drenado foi positiva para Staphylococcus aureus sensível à oxacilina e PCR positivo para Mycobacterium tuberculosis. Iniciou-se antibioticoterapia com esquema RIPE associado a oxacilina (posteriormente ajustada para cefazolina) e drenagem externa. Durante a internação, apresentou melhora clínica e laboratorial, mas houve necessidade de múltiplas intervenções por imagem e reposicionamento de drenos abdominais e torácico, além de controle com tomografias seriadas. Evoluiu com melhora progressiva, sendo retirados os drenos após controle adequado da coleção e alta hospitalar em boas condições clínicas, afebril, em uso de cefalexina e esquema RI para tratamento da tuberculose pulmonar e do foco osteoarticular. Discussão: O Mal de Pott apresenta-se com sintomas inespecíficos e insidiosos, como dor lombar, febre baixa e perda ponderal, o que dificulta o diagnóstico precoce. O caso discutido apresentou-se apenas sintomas gerais inespecíficos e dor em membros inferiores, o que pode ter aumentado o tempo até o seu diagnóstico. Os exames de imagem constataram as deformidades estruturais do corpo vertebral e a coleção paravertebral, característica de uma complicação dessa doença. E, por fim, os exames bacteriológicos identificaram o M. tuberculosis e MSSA. Dessa forma, para chegar a esse diagnóstico, foi necessário a correlação clínica, radiológica e laboratorial, sendo confirmado por ressonância magnética, biópsia guiada por tomografia computadorizada e cultura de Mycobacterium tuberculosis. A presença de coinfecção bacteriana, como no caso descrito (Staphylococcus aureus), foi um agravante do quadro e requer antibioticoterapia de amplo espectro associada ao tratamento antituberculoso específico. O manejo deve considerar a distinção entre formas simples e complicadas: enquanto casos não complicados respondem bem à antibioticoterapia prolongada, quadros graves exigem intervenção cirúrgica para drenagem de abscessos, descompressão medular e estabilização da coluna. Assim, a abordagem precoce, integrada e multidisciplinar é essencial para prevenir sequelas neurológicas e deformidades permanentes.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Gonçalves Mazzotti, I., Magalhães Miranda, J. V., Seixas de Castro Cerqueira, L., Silveira de Moraes, A. J., Sobreira de Souza, M., Ribeiro Zambelli, A., … Thomaz Mafort, T. (2025). RELATO DE CASO: TUBERCULOSE ÓSSEA EM COLUNA (MAL DE POTT) ASSOCIADA À ABSCESSO BACTERIANO. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Recuperado de https://www.revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/269

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025